sábado, 9 de março de 2013

Era uma vez...

Era uma vez um homem azarado que tinha o terrivel hábito de abusar da sua sorte.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nine Inch Nails - Sin (with lyrics)

Desencontros

A Morte chegou num dia de Primavera, bateu à porta e não o encontrou, de novo. Ele teria saído momentos antes para se encontrar com a felicidade, ou para a tentar encontrar pelo menos. Era a segunda vez que a morte não o conseguia encontrar.
Ele deixara um bilhete a dizer que voltava em breve, e deixara igualmente a porta destrancada para a Morte poder entrar e esperar confortavelmente na sala, pois ele tinha a certeza de que não encontraria aquilo que tinha ido procurar. O encontro com a Morte era inevitável e já tinha sido adiado no Outono, quando a Morte decidira aparecer de madrugada para o surpreender, e ele tinha aproveitado uma das suas habituais insónias para sair e fumar um cigarro. Tudo isto começava a incomodar a Morte, habituada a ser subversiva e a aparecer para fazer o seu trabalho quando todos os vivos não a esperavam. Este era um trabalho diferente: Tratava-se basicamente de meio trabalho, pois o homem em questão estava apenas meio-vivo.
Perdera a vontade de viver e as suas esporádicas expectativas de encontrar a felicidade aconteciam com intervalos cada vez maiores entre elas. A Morte tinha tido azar e chegou exactamente numa dessas raras vezes em que algo lhe dizia que a felicidade podia ser encontrada. O homem procurava sempre, cada vez com menos optimismo.
Ao fim de uma curta espera e ao sentir o homem a chegar, a Morte espreitou pela janela. Lá vinha ele, não tinha encontrado o que procurava e dirigia-se conformado e cabisbaixo para casa. Antes dele chegar a Morte saiu, afinal não valia a pena tirar ao homem a iniciativa de ser ele a marcar o unico encontro na vida dele onde alguém realmente o esperava.
A Morte fugiu então pela porta das traseiras com a sensação de dever cumprido, pois era demasiado óbvio que brevemente o homem a iria procurar.